segunda-feira, 30 de maio de 2011

O EXAME NEUROLÓGICO

(Para aula do dia 05/04)
O sistema nervoso é praticamente inacessível à obervação direta, palpação, inspeção, etc. É através do exame neurológico que os sinais clínicos são localizados em alguma parte específica do sistema nervoso.
O exame neurológico é a base da neurologia clínica. Através dele sinais clínicos anormais são notados. Em 10 a 15 minutos o clínico será capaz de:
-Determinar a presença ou ausência de doença do Sistema Nervoso; confirmar a informação obtida pela anamnese; localizar a lesão; determinar se a doença é focal ou multifocal, determinar a severidade, o tratamento e o prognóstico, determinar o diagnóstico diferencial, escolher os exames complementares, verificar se a doença é progressiva ou estática, verificar a eficácia do tratamento
O exame neurológico deve ser sistemático. Nenhuma parte deve ser omitida, a não ser nos casos em que a condição clínica do paciente (suspeita de fratura de coluna por exemplo) não permita, ou nos casos de animais muito bravos. Antes da realização do exame neurológico, os pacientes devem ser submetidos a um exame clínico completo, para descartar outras possibilidades etiológicas, que causem a impressão de um problema neurológico, como displasia coxo femural, luxação de patela, ruptura dos ligamentos cruzados, choque, desidratação, anemia, insuficiência cardíaca congestiva levando a fraqueza e/ou desmaios, etc.
O exame neurológico é dividido em :
1. Exame físico
2. Reações posturais
3. Nervos cranianos
4. Atividade motora, músculos e cerebelo
5. Reflexos espinhais e funções viscerais
6. Sensibilidade, dor superficial e profunda

1. O exame físico inclui a avaliação da consciência, locomoção, postura, crânio, conduta e respiração. O estado da consciência é o estado de alerta, de percepção do que ocorre ao redor. É o conhecimento, a nível cortical, dos estímulos visuais, auditivos e outros do que ocorre.
Deve-se avaliar se o animal apresenta ataxia (incoordenação dos movimentos), andar em círculos (fechado: problema no sistema vestibular; aberto: problemas no córtex cerebral no núcleo caudado); observar se o animal apresenta rigidez no pescoço (causado por meningites, subluxação atlanto-axial, doença de disco); paresia (incapacidade parcial de realizar movimentos voluntários); paralisia (incapacidade total de realizar movimentos). Observar também o tamanho do crânio (hidrocefalia, presença de fontanela), se há tremor intencional (o animal tenta parar mas o movimento continua); ampla base (o animal aumenta a área de sustentação para não cair quando anda, comum em problemas cerebelares e vestibulares). Verificar se o animal apresenta torção da cabeça (problemas vestibulares).
2. As reações posturais revelam deficiências assimétricas sutis, não observadas durante a marcha ou ambulação. As reações posturais são mecanismos complexos que possibilitam a um animal caminhar e manter-se em estação. Há participação do córtex somatosensório, estruturas subcorticais, tronco encefálico, tratos medulares aferentes e eferentes, e reflexos espinhais na coordenação e desenvolvimento das respostas. Os receptores para pressão e propriocepção (movimento) são ativados. A via aferente termina no cérebro, núcleos basais e tronco encefálico, levando impulsos que causam atividade muscular para o membro testado suportar o peso do corpo.
Saltitar
Propriocepção
Posição tátil e visual
Carrinho de mão
Estação unilateral
Caminhar unilateral
Alterações em 2 ou mais testes em qualquer membro indica uma deficiência significativa, mas a localização é mais regional do que específica. Por exemplo, alterações de membros do lado esquerdo sugerem: lesão medular cervical do lado esquerdo, lesão de ponte/bulbo do lado esquerdo, ou uma lesão mesencefálica ou cerebral contralateral (lado direito). É necessário a complementação do exame neurológico como será descrito a seguir.
3. Os nervos cranianos são numerados convencionalmente de I à XII. Com exceção do I e II pares de nervos (que têm origem no telencéfalo e diencéfalo, respectivamente), todos os outros pares têm origem no tronco encefálico. Os nervos cranianos podem ser sensitivos, motores ou mistos.

I-OLFATÓRIO: substância volátil não irritante
II-ÓPTICO
- desviar de obstáculos
-posição visual
-ameaça visual
-seguir movimentos
-tamanho das pupilas - bate nos obstáculos

III-OCULOMOTOR
-Controle simpático da função pupilar
-movimentos oculares em planos horizontal e vertical (reflexo oculovestibular)
-reflexo pupilar direto e consensual
IV-TROCLEAR -oftalmoscopia

V-TRIGÊMIO -tônus mandibular
-palpação dos mm mastigatórios
-reflexo palpebral e corneal
-sensibilidade em mucosa nasal
-sensibilidade em face
VI-ABDUCENTE-reflexo oculovestibular
VII-FACIAL
- reflexo palpebral e corneal
-ameaça visual
-tocar em orelhas
-simetria facial
-teste de schirmer

VIII-VESTIBULOCOCLEAR
-reflexo oculovestibular
-reflexo de endireitamento
-observar nistagmo
-bater palmas, testar audição

IX-GLOSSOFARÍNGEO
-reflexo de deglutição

X-VAGO
-reflexo de deglutição, da tosse e reflexo oculocardíaco

XII-HIPOGLOSSO
-tocar e molhar narinas
-observação e extensão da língua

4. O Tônus muscular é avaliado pela extensão, flexão e palpação dos membros, individualmente. Normotonia é a resposta obtida na manipulação dos músculos que exibem certo grau de resistência e tensão (tono). O paciente deve estar em decúbito lateral. Podem ser observados atonia, e hipotonia, relacionado à lesão de NMI, e hipertonia e espasticidade, relacionadas a lesões do córtex cerebral, tronco encefálico ou medula espinhal rostral ao nível do membro testado. Opistótono é a espasticidade extensora extrema e rigidez de todos os membros, indicando lesão severa do mesencéfalo. O fenômeno de Schiff Scherrington é caracterizado por hipertonia extensora dos membros torácicos e paraplegia e flacidez dos membros pélvicos, com reflexos normais nos membros pélvicos, normalmente indicando uma lesão no segmento toracolombar.
5. Os reflexos espinhais formam a unidade básica da integração e função do SNC. Os reflexos testam os segmentos medulares nos quais os reflexos estão envolvidos; portanto dependem de um arco reflexo e um pequeno segmento da medula espinhal Os reflexos da medula espinhal incluem os miotáticos, os flexores, extensor cruzado, perineal, micção, defecação e do panículo.

6. A avaliação sensorial deve ser a última parte do exame neurológico. Em animais com lesões medulares, a avaliação da sensibilidade dolorosa é importante para localizar a lesão e estabelecer o prognóstico. A sensibilidade superficial é testada por estímulo tátil a nível cutâneo, e a sensibilidade profunda por pressão vigorosa sobre o periósteo da região interdigital. A dor profunda não deve ser testada se a superficial estiver presente. A resposta à dor profunda é conduzida por pequenos axônios não mielinizados, os quais são mais resistentes aos efeitos da compressão.

Após o término do exame, deve-se localizar a lesão através das síndromes neurológicas.

terça-feira, 24 de maio de 2011

LEISHMANIOSE - BAHIA JÁ REGISTROU MAIS DE MIL CASOS EM 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Leishmaniose: Bahia já registrou mais de mil casos em 2011

         Dos 1.011 casos da Leishmaniose Tegumentar, doença que provoca lesões grave na pele, registrados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) nos primeiros quatro meses de 2011, mais de 700 foram notificados em municípios que compõem a microrregião do Baixo Sul do Estado ou cidades circunvizinhas. Ituberá, com 138 casos e Taperoá com 131, encabeçam a lista. Ao todo, 117 municípios da Bahia já registraram algum caso da doença neste ano. Em Valença foram notificados 60 novos casos. Segundo o secretário de Saúde do município, José Alexandre, o esforço de sua secretaria tem reduzido os números, ele aponta o Posto de Saúde da Feira Livre, local onde circula muita gente da zona rural, como centro de referência para o tratamento da doença. Também, em Presidente Tancredo Neves, existe outro centro de saúde especializado no tratamento da Leishmaniose. A doença atinge quase que na sua totalidade, moradores da zona rural. Em 2010, foram registrados pela Sesab 5.010 casos, metades deles no Baixo Sul do Estado.
            A leishmaniose tegumentar americana, conhecida popularmente pelos nomes: "úlcera de bauru", "nariz de tapir" e "ferida brava", caracteriza-se por apresentar feridas indolores na pele ou mucosas do indivíduo afetado. É causada por protozoários do gênero Leishmania, como o L. braziliensis, L. guyanensis e L. amazonensis: parasitas de vertebrados mamíferos.
           Fêmeas de mosquitos do gênero Lutzomyia são os vetores. Esses, de tamanho pequeno (menores que pernilongos), podem também ser chamados de mosquito-palha, birigui, cangalhinha, bererê, asa-branca ou asa-dura. Vivem em locais úmidos e escuros, preferindo regiões onde há acúmulo de lixo orgânico, e movem-se por meio de voos curtos e saltitantes.
             Na forma mais comum (cutânea), esta se inicia pequena, arredondada, profunda e com borda avermelhada, crescendo progressivamente. Pode surgir apenas uma ou em maior quantidade. Na maioria dos casos não são curadas naturalmente, e tampouco com o uso de medicamentos cicatrizantes comuns.

MUNICÍPIOS AFETADOS NO BAIXO SUL OU PRÓXIMOS
 
Ituberá: 138
Taperoá: 131
Valença: 60
Pres. Tancredo Neves: 57
Igrapiúna 50
Nilo Peçanha: 47
Ibirapitanga 32
Wenceslau Guimarães: 27
Gandu: 27
Teolândia:20
Mutuípe: 18
Maraú: 15
Camamu 14
Piraí do Norte: 10
Cairu: 02


Magno Jouber
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SEXTA-FEIRA, 13 DE MAIO DE 2011

Leishmaniose: “Matar cães não resolve um problema que é de saúde pública e falta de prevenção adequada”


Vitor Márcio Ribeiro, professor da PUC e médico veterinário

Conforme prometido, o BICHOS DE COMPANHIA postou esta matéria no dia 11/05, dia seguinte à palestra na ALMG. Problemas técnicos do servidor ao qual este blog está submetido, provocaram a permanência da matéria por poucas horas no ar. E, agora, que o problema parece ter sido resolvido, postamos novamente. Lamentamos o ocorrido e ressaltamos que a situação fugiu ao controle da administração deste blog.

Em publicação científica (Cadernos de Saúde Pública, 2004) foi registrado que entre os anos de 1993 a 1997, cerca de 13 mil cães tiveram resultados sorológicos falso positivos, portanto, foram mortos incorretamente, em Belo Horizonte. Uma verdadeira chacina cometida pelo poder público e que não teve punição, pois nada foi apurado pelos órgãos fiscalizadores de atuação dos profissionais responsáveis pelos exames, observou o professor e veterinário Vitor Márcio Ribeiro, durante a palestra “Leishmaniose Visceral: Previna e trate essa doença”, ocorrida no dia 10 de maio, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. “Se fosse um caso de erro médico, como uma tesoura esquecida na barriguinha de uma cadela, a punição não tardaria”, comparou o palestrante.

Ética De acordo com o professor, 50% dos animais soropositivos são assintomáticos, sendo impossível comprovar somente pelo exame sorológico, que esse animal está de fato infectado. Também por isso não se pode aceitar que se mate os animais baseados nesse exame. Os kits para a realização dos exames pelo método da Reação da Imunofluorescência Indireta (RIFI) para o diagnostico da infecção distribuídos pelo Ministério da Saúde aos laboratórios públicos e privados não são utilizados até a diluição final para cada animal, o que compromete a segurança do diagnóstico e mantém a maior probabilidade de falsos positivos por reações cruzadas com diversas condições. A diluição mínima 1:40 favorece o erro e não permite que esses animais possam ser controlados durante o tratamento. Conforme discutido durante a palestra, os exames realizados atualmente para detectar a doença nos levantamentos dos órgãos públicos nos cães pesquisam anticorpos, ou seja, podem sugerir se o cão teve contato com a Leishmania, mas não podem assegurar que ele esteja infectado, doente ou transmitindo o protozoário. “O teste sorológico não é parâmetro, a não ser que seja por diluição plena, demonstrando títulos elevados, acima de 1:160. Por tudo isso, matar cães como se faz no Brasil hoje em dia, como prevenção da Leishmaniose Visceral, não é ético, entre outras coisas, porque falta segurança no diagnóstico correto”, observou o professor e veterinário.


Número de participantes surpreendeu positivamente aos organizadores do gabinete do deputado estadual Fred Costa (PHS)

O professor Vitor Ribeiro explicou que a Leishmaniose Visceral endêmica no Brasil desde os anos 50 é zoonótica e que o maior número de infectados está entre crianças e indivíduos imunossuprimidos, ou seja, aqueles com baixa imunidade, a exemplos de pacientes com HIV ou diabetes. O agente da Leishmaniose Visceral no Brasil é a Leishmania infantum, a mesma que provoca a doença na Europa, nos homens e cães. Em outras partes do mundo, como África e Ásia, quem provoca a Leishmaniose Visceral é a Leishmania donovani. Crianças e indivíduos com baixa imunidade são as vitimas mais freqüentes. O fato se agrava em função da pobreza e falta de condições de infraestrutura, pois a alimentação inadequada e as condições de vida são fatores que pioram o quadro de enfraquecimento do organismo.

Dengue X leishmaniose Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que anualmente ocorrem em torno de 500 mil novos casos por ano de Leishmaniose Visceral, com registro de 50 mil mortes. Em torno de 30% dos casos de Leishmaniose Visceral que ocorrem no mundo, são causados pela Leishmania infantum. A doença nos cães está praticamente em todo território nacional. Em humanos a doença tem grande gravidade. Só para se ter idéia, quando comparamos a Leishmaniose Visceral com a Dengue em Belo Horizonte, em 2010, verificamos que ocorreram 131 casos humanos de Leismaniose Visceral com 22 mortes. Em comparação ocorreram 51.775 casos de Dengue e, desses, 15 mortes.


Lâmina com dicas para se previnir e controlar o vetor

Matar cachorro não é solução Ocupando o topo da lista entre os países da América Latina que apresentam casos de Leishmaniose Visceral, com 90% dos casos, o Brasil se atrapalha na prevenção e exporta equívocos no combate à doença, conforme pontuou o professor e veterinário. A OMS, inclusive, em seu informe oficial, publicado em 2010, cita o país, como exemplo de estratégia inócua no combate à doença a partir do maciço e radical extermínio de cães.

“É fato comprovado em estudos estatísticos, sem quaisquer apelos emocionais envolvidos, que matar cachorro é a estratégia de menor eficiência para o controle da doença. Estratégias voltadas para o controle do vetor e campanhas de vacinação são os métodos preventivos mais eficazes no combate à doença, conforme apontam os estudos científicos”, destacou o professor.
Ainda de acordo com o palestrante, existe expectativa de que o Ministério da Saúde (MS) se posicione sobre a utilização das vacinas existentes no Brasil contra a doença nos cães, uma vez que conforme os estudos apresentados pelos laboratórios não parece existir dúvidas sobre suas eficácias e resultados. Parece haver receio de que a aprovação dos produtos resulte em gastos com campanhas nacionais de vacinação, que seguramente devem ser cobradas pela sociedade. Uma vez que, assim como no caso da raiva, uma zoonose que também acomete seres humanos, o MS realiza campanhas de vacinação em todo o país e o mesmo deveria ser feito em relação às vacinas de prevenção à leishmaniose.


Platéia atenta: palestra prendeu a atenção dos presentes

Forma de transmissão A transmissão da Leishmania infantum se dá pela picada da fêmea do flebótomo, após ter picado, e se contaminado, em um animal ou até mesmo em um homem infectado. Portanto, explica o palestrante em tom de brincadeira, que não se pega leishmaniose pelo contato com o animal ou homem infectado, doente e em tratamento.Você pode beijar e ser beijado por alguém infectado, seu cachorro doente também pode lambê-lo que você não vai pegar a doença.

Além dos cães, outros reservatórios, como raposas, gambás, homens, ratos e gatos são descritos na literatura cientifica. É evidente que não dá para sair matando esses reservatórios, ressalta, observando, por exemplo, que matar gambás e raposas, animais da fauna nacional, é crime. A discussão aqui passa, sobretudo, pelo controle das populações de animais reservatórios, através da esterilização e métodos contraceptivos.

Prevenção Como formas de prevenção à doença, o professor Vitor Ribeiro também destacou o uso de inseticidas centrados nos cães, como a coleira impregnada com deltametrina (a coleira Scalibor), inseticidas tópicos piretróides, inseticidas ambientais, manejo ambiental e evitar exposição dos cães fora de casa em horários crepusculares (início da manhã e fim de tarde) e noturnos, momentos em que a fêmea do flebótomo estará ativa para sua alimentação.


A reação de muitos donos de cães que consideram o animal como um membro da família é escondê-lo das autoridades sanitárias que, não raro, abusam dessa autoridade de forma tirânica e ditatorial para retirar um cachorro cujo resultado tenha sido soropositivo. A orientação é para que essas pessoas procurem atendimento jurídico junto às Anclivepa estaduais. Em Minas, a assessoria do gabinete do deputado Fred Costa também foi colocada à disposição durante a palestra

Uma vez infectado, a alternativa é o acompanhamento veterinário para seu tratamento, que, não é reconhecido pelo Ministério da Saúde, mas que vem sendo defendido cada vez mais pelos médicos veterinários, atentos à qualidade de vida e importância do cão nas famílias. O grande desafio do tratamento,reconhece Vitor Ribeiro, é o acompanhamento, pois ele requer o comprometimento do proprietário, ou seja, passa pela conscientização para a guarda responsável do animal, com o controle por toda sua vida e uso constante de produtos inseticidas, além dos medicamentos prescritos pelo veterinário.(Texto e fotos: Nádia Santos)

Para entender o caso: Falta ainda pronunciamento do Ministério da Saúde sobre a validade das vacinas. O Ministério da Agricultura, por sua vez, já deu parecer favorável. A nota de esclarecimento abaixo foi transcrita da página do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV MG):

Nota de Esclarecimento *

10/1/2011

Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura esclarecem sobre vacinas antileishmaniose Visceral Canina registradas no MAPA 



A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose, de transmissão vetorial, considerada um problema de saúde pública no Brasil, tendo em vista sua magnitude, letalidade e expansão geográfica.
Essa doença envolve três componentes principais: vetor, reservatório e homem susceptível, sendo o cão o principal reservatório doméstico e importante fonte de infecção para o vetor. As ações de controle estão centradas no diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos, vigilância entomológica, saneamento ambiental e controle químico, vigilância e monitoramento canino com eutanásia de cães sororreagentes. Nesse contexto, uma vacina capaz de proteger o cão e, conseqüentemente, diminuir as taxas de transmissão para o homem seria de grande importância como medida adicional de controle da LV.
Os laboratórios Fort Dodge Saúde Animal e Hertape Calier Saúde Animal estão comercializando, no Brasil, as vacinas contra leishmaniose visceral canina Leishmune® e Leish-Tec® respectivamente, devidamente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Diante disso, os Ministérios da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento esclarecem que:
As vacinas Leishmune® e Leish-Tec® já tiveram os ensaios em animais de laboratório (testes pré-clínicos) e estudos de Fase I e II completados, estando os estudos de fase III em andamento.
Os resultados dos estudos de fase I e II das vacinas Leishmune® e Leish-Tec® permitiram, em 2003 e 2006 respectivamente, o registro desses produtos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), pois atendiam aos critérios estabelecidos na legislação vigente, à época.
Em 2007, após consulta pública, o MAPA e o Ministério da Saúde (MS) publicaram a Instrução Normativa, regulamenta a pesquisa, desenvolvimento, produção, avaliação, registro e renovação de licenças, comercialização e uso de vacinas contra a LV canina. De acordo com a mesma, o desenvolvimento de vacinas antileishmaniose visceral canina deve contemplar a realização de testes para determinar a segurança, a eficácia, a inocuidade, a proteção à infecção e a imunogenicidade das vacinas, conduzidos por meio de ensaios de Fase I, Fase II e Fase III. Ainda de acordo com essa IN, as empresas que já possuíam registro de vacinas, dispõem de um prazo de 36 meses, a partir de 09 de Julho de 2007, para realizarem e apresentarem ao órgão competente os estudos de Fase III, para fins de renovação e manutenção do registro.
As vacinas registradas no MAPA cumprem com os requisitos técnicos de eficácia, vigentes no momento da concessão dos registros (anos de 2003 e 2006). Entretanto, o Ministério da Saúde ainda não recomenda o seu uso em Saúde Pública, pois estão sendo realizados estudos para avaliar o uso destes produtos para este fim.

Brasília, 03 de maio de 2009.


Gerson Oliveira Penna
Secretário de Vigilância em Saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE

Inácio Afonso Kroetz
Secretário de Defesa Agropecuária
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO

* Fonte: CRMV MG

sábado, 21 de maio de 2011

Leishmaniose

Os insetos transmissores das leishmanioses

Pablo Ferreira

Fonte: Maurício Vilela, entomologista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz

Quem são?
Os flebotomíneos são pequenos insetos responsáveis pela transmissão de algumas doenças aos humanos e animais, como a bartonelose, que é restrita aos altiplanos andinos, e várias arboviroses com ocorrência inclusive no Brasil. Porém, de maior importância, pela distribuição geográfica e número de casos, são as leishmanioses. Estes insetos pertencem à ordem Diptera, mesmo grupo das moscas, mosquitos, borrachudos e maruins. Apresentam um par de asas e um par de pequenas estruturas, chamados de halteres ou balancins, responsáveis pela estabilidade do vôo e zumbido característico dos dípteros. Os flebotomíneos apresentam um vôo curto. Na realidade eles saltitam na superfície de pouso e mantém as asas eretas, ou seja, levantadas para cima. No Brasil, são conhecidos por diferentes nomes de acordo com sua ocorrência geográfica, como tatuquira, mosquito palha, asa dura, asa branca, cangalhinha, birigui, anjinho, entre outros.
Onde vivem?
Os flebotomíneos têm preferência por viver em locais com muita umidade e são vistos geralmente nas horas sem luminosidade e pouca movimentação de ar. Devido ao seu pequeno tamanho e sua fina cutícula, normalmente são encontrados em ambientes protegidos como fendas de pedra, buracos no solo, grutas de animais, ocos de árvore; e também em ambientes modificados pela ação humana, tais como: abrigos de animais domésticos (galinheiros, chiqueiros e currais). Sua atividade se dá em geral no crepúsculo noturno (final da tarde), mas em algumas situações específicas podem ocorrer durante as horas claras do dia, principalmente em locais associados à extensa cobertura florestal, como na Floresta Amazônica, ou restritas áreas da Mata Atlântica.
Os flebotomíneos são insetos muito sensíveis às mudanças ambientais, dessa forma, sua criação em laboratório torna-se extremamente laboriosa e difícil. Tal fato, porém, não significa que, assim como outros dípteros, eles não possam se adaptar aos ambientes modificados, uma vez que algumas espécies estão adaptadas para freqüentar áreas próximas ao ambiente domiciliar ou peridomiciliar humanos.
Alimentação e transmissão das leishmanioses
Os machos de flebotomíneos se alimentam exclusivamente de alimentos açucarados, especialmente seiva das plantas; por outro lado, as fêmeas também realizam o repasto açucarado nas plantas ou na secreção de afídeos, que se constitui numa importante fonte de energia, porém, elas necessitam do sangue dos animais vertebrados para que ocorra a maturação dos seus ovos. Por essa razão, só elas são hematófagas, e conseqüentemente, estão envolvidas na transmissão de doenças aos humanos e animais.
As fêmeas após realizarem o primeiro repasto sangüíneo em um reservatório natural do parasita (Leishmania), podem se infectar, ou seja, adquirir os protozoários. Estes irão sofrer processos de diferenciação e multiplicação no trato digestivo da fêmea. A digestão do sangue dura em torno de 72 horas em média, dependendo da espécie, porém após o sangue ser digerido e os ovos estarem amadurecidos, a grande maioria das fêmeas morrem após a postura dos ovos, já que há um desgaste energético extremo. As poucas fêmeas sobreviventes necessitam realizar uma segunda alimentação sangüínea, para da mesma forma maturarem seus ovos: é neste momento que elas transmitem a leishmaniose, pois no ato da picada injetam as formas flageladas (os protozoários) na corrente sangüínea de sua vítima.
Vale ressaltar que a probabilidade de transmissão da doença vai depender das condições de exposição dos humanos aos flebotomíneos, assim como ao contexto eco-epidemiológico do ambiente.
Ciclo de vida
Diferente dos mosquitos, a fêmea de flebotomíneo põe seus ovos no solo das florestas ou em ambientes modificados pela ação humana. O ciclo de vida de um flebotomíneo compreende as seguintes fases: ovo, larva, pupa e adulto, por isso os flebotomíneos são classificados como insetos holometábolos. Os ovos são pequenos, quase microscópicos, e uma vez eclodidos, geram larvas, que são de difícil visualização a olho nu. As larvas alimentam-se da matéria orgânica presente no solo e passam por quatro estádios (fases), que no decorrer do desenvolvimento aumentam seu metabolismo e tamanho. Posteriormente, as larvas transformam-se em pupas, que se fixam no substrato e não se alimentam. Começa então a fase da metamorfose que resultará no inseto adulto.
Para compreender e conhecer seus aspectos biológicos, a solução, portanto, consiste em trazer os adultos vivos para o laboratório, e criá-los em local especializado (insetário), no sentido de se manter uma produção para usá-los em pesquisas experimentais.
Controle
Devido ao tamanho minúsculo, encontrar na natureza larvas e pupas de flebotomíneos é tarefa extremamente difícil, por essa razão não há nenhuma medida de controle que contemple as fases imaturas, ao contrário dos mosquitos que colocam seus ovos nos meios aquáticos, possibilitando seu controle através das formas não aladas.
As medidas de proteção preconizadas consistem basicamente em diminuir o contato direto entre humanos e os flebotomíneos. Nessas situações as orientações são o uso de repelentes, evitar os horários e ambientes onde esses vetores possam freqüentar, a utilização de mosquiteiros de tela fina, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas, evitar o acúmulo de lixo orgânico, mantendo sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos, fazer poda periódica nas árvores, para que não se criem os ambientes sombreados e realizar o manejo ambiental evitando o acúmulo do lixo orgânico, no sentido de afastados das casas os mamíferos comensais, como marsupiais e roedores, prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos.


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Os insetos transmissores das leishmanioses

Pablo Ferreira

Fonte: Maurício Vilela, entomologista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz


Quem são?

Os flebotomíneos são pequenos insetos responsáveis pela transmissão de algumas doenças aos humanos e animais, como a bartonelose, que é restrita aos altiplanos andinos, e várias arboviroses com ocorrência inclusive no Brasil. Porém, de maior importância, pela distribuição geográfica e número de casos, são as leishmanioses. Estes insetos pertencem à ordem Diptera, mesmo grupo das moscas, mosquitos, borrachudos e maruins. Apresentam um par de asas e um par de pequenas estruturas, chamados de halteres ou balancins, responsáveis pela estabilidade do vôo e zumbido característico dos dípteros. Os flebotomíneos apresentam um vôo curto. Na realidade eles saltitam na superfície de pouso e mantém as asas eretas, ou seja, levantadas para cima. No Brasil, são conhecidos por diferentes nomes de acordo com sua ocorrência geográfica, como tatuquira, mosquito palha, asa dura, asa branca, cangalhinha, birigui, anjinho, entre outros.

Onde vivem?

Os flebotomíneos têm preferência por viver em locais com muita umidade e são vistos geralmente nas horas sem luminosidade e pouca movimentação de ar. Devido ao seu pequeno tamanho e sua fina cutícula, normalmente são encontrados em ambientes protegidos como fendas de pedra, buracos no solo, grutas de animais, ocos de árvore; e também em ambientes modificados pela ação humana, tais como: abrigos de animais domésticos (galinheiros, chiqueiros e currais). Sua atividade se dá em geral no crepúsculo noturno (final da tarde), mas em algumas situações específicas podem ocorrer durante as horas claras do dia, principalmente em locais associados à extensa cobertura florestal, como na Floresta Amazônica, ou restritas áreas da Mata Atlântica.

Os flebotomíneos são insetos muito sensíveis às mudanças ambientais, dessa forma, sua criação em laboratório torna-se extremamente laboriosa e difícil. Tal fato, porém, não significa que, assim como outros dípteros, eles não possam se adaptar aos ambientes modificados, uma vez que algumas espécies estão adaptadas para freqüentar áreas próximas ao ambiente domiciliar ou peridomiciliar humanos.

Alimentação e transmissão das leishmanioses

Os machos de flebotomíneos se alimentam exclusivamente de alimentos açucarados, especialmente seiva das plantas; por outro lado, as fêmeas também realizam o repasto açucarado nas plantas ou na secreção de afídeos, que se constitui numa importante fonte de energia, porém, elas necessitam do sangue dos animais vertebrados para que ocorra a maturação dos seus ovos. Por essa razão, só elas são hematófagas, e conseqüentemente, estão envolvidas na transmissão de doenças aos humanos e animais.

As fêmeas após realizarem o primeiro repasto sangüíneo em um reservatório natural do parasita (Leishmania), podem se infectar, ou seja, adquirir os protozoários. Estes irão sofrer processos de diferenciação e multiplicação no trato digestivo da fêmea. A digestão do sangue dura em torno de 72 horas em média, dependendo da espécie, porém após o sangue ser digerido e os ovos estarem amadurecidos, a grande maioria das fêmeas morrem após a postura dos ovos, já que há um desgaste energético extremo. As poucas fêmeas sobreviventes necessitam realizar uma segunda alimentação sangüínea, para da mesma forma maturarem seus ovos: é neste momento que elas transmitem a leishmaniose, pois no ato da picada injetam as formas flageladas (os protozoários) na corrente sangüínea de sua vítima.

Vale ressaltar que a probabilidade de transmissão da doença vai depender das condições de exposição dos humanos aos flebotomíneos, assim como ao contexto eco-epidemiológico do ambiente.

Ciclo de vida

Diferente dos mosquitos, a fêmea de flebotomíneo põe seus ovos no solo das florestas ou em ambientes modificados pela ação humana. O ciclo de vida de um flebotomíneo compreende as seguintes fases: ovo, larva, pupa e adulto, por isso os flebotomíneos são classificados como insetos holometábolos. Os ovos são pequenos, quase microscópicos, e uma vez eclodidos, geram larvas, que são de difícil visualização a olho nu. As larvas alimentam-se da matéria orgânica presente no solo e passam por quatro estádios (fases), que no decorrer do desenvolvimento aumentam seu metabolismo e tamanho. Posteriormente, as larvas transformam-se em pupas, que se fixam no substrato e não se alimentam. Começa então a fase da metamorfose que resultará no inseto adulto.

Para compreender e conhecer seus aspectos biológicos, a solução, portanto, consiste em trazer os adultos vivos para o laboratório, e criá-los em local especializado (insetário), no sentido de se manter uma produção para usá-los em pesquisas experimentais.

Controle

Devido ao tamanho minúsculo, encontrar na natureza larvas e pupas de flebotomíneos é tarefa extremamente difícil, por essa razão não há nenhuma medida de controle que contemple as fases imaturas, ao contrário dos mosquitos que colocam seus ovos nos meios aquáticos, possibilitando seu controle através das formas não aladas.

As medidas de proteção preconizadas consistem basicamente em diminuir o contato direto entre humanos e os flebotomíneos. Nessas situações as orientações são o uso de repelentes, evitar os horários e ambientes onde esses vetores possam freqüentar, a utilização de mosquiteiros de tela fina, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas, evitar o acúmulo de lixo orgânico, mantendo sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos, fazer poda periódica nas árvores, para que não se criem os ambientes sombreados e realizar o manejo ambiental evitando o acúmulo do lixo orgânico, no sentido de afastados das casas os mamíferos comensais, como marsupiais e roedores, prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos.

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