quinta-feira, 16 de junho de 2011

SAÚDE E SUSENTABILIDADE NA AGENDA DE EMPRESAS DE LEITE

Saúde e sustentabilidade na agenda de empresas de leite
Global Dairy Platform (GDP), uma instituição cujo objetivo é promover o leite em escala global

Fonte: Notícias agrícolas




O potencial do setor brasileiro de lácteos - tanto no que diz respeito à produção como à demanda - ganha reconhecimento a cada dia. Este mês, representantes de empresas que fazem parte da Global Dairy Platform (GDP), uma instituição cujo objetivo é promover o leite em escala global, reuniram-se no Brasil para discutir as perspectivas e desafios do segmento.A entidade foi criada em 2006 por quatro grandes companhias de lácteos: a neozelandesa Fonterra, a americana Dairy Farmers of America (DFA), a holandesa FrieslandCampina e a escandinva Arla. Hoje, tem 60 membros, entre empresas e entidades, como a brasileira Embrapa.


O diretor-executivo da GDP, Donald Moore, diz que a reunião foi realizada pela primeira vez no Brasil e na América Latina. "Todo mundo reconhece a importância do setor no Brasil, na América Latina", afirma.

Ele explica que o objetivo da GDP é promover o leite em escala global e discutir questões de longo prazo que possam influenciar a demanda pelo produto. Entre as ações da organização está divulgar as qualidades nutricionais do leite, dar uma visão mais equilibrada sobre a gordura do leite - muitas vezes apontada como prejudicial à saúde - e tratar da sustentabilidade na produção do segmento.

Essa última questão, aliás, já rendeu preocupações. Em 2006, a Agência para Agricultura e Alimentação da Organização das Nações Unidas (FAO) lançou relatório estimando que toda a pecuária (de corte e de leite) era responsável por 18% das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, à época, alguns meios de comunicação usaram o número de 18% quando se referiam às emissões da pecuária de leite, segundo Moore. Novo relatório, de 2010, revelou que as emissões provenientes da produção de leite respondem por 2,7% do total, dirimindo dúvidas.

Além da América Latina, a GDP também busca ampliar presença na Ásia, principalmente por causa da China, onde cresce o consumo de lácteos. No Brasil, o atrativo é o potencial de avanço da produção, observa Moore, graças aos recursos naturais, clima e competitividade das empresas do setor.

LEITE GENETICAMENTE REFORÇADO

Leite geneticamente reforçado
Bacia leiteira testa vaca vermelha e branca como forma de melhorar valor nutritivo do alimento

Fonte: Gazeta do Povo




Depois de consolidar os Campos Gerais como a bacia leiteira mais produtiva do país, com médias acima de 35 litros por animal ao dia, os pecuaristas da região tentam melhorar o valor nutritivo do leite. Para isso, aprimoram o manejo das vacas, investem em tecnologia e, mais recentemente, partem para opções como a vaca holandesa vermelha e branca. O animal ganhou status de estrela da Agroleite 2010, que começa hoje e segue até sábado no Parque Dario Macedo, em Castro, líder nacional no leite.

Todo ano, a feira, que está na décima edição, apresenta uma nova raça como atração. Em 2009, foi a girolando, cruzamento entre o gado holandês e o zebu gir. O animal é branco e preto e mostra-se adaptado a regiões tropicais. Agora é a vez das vacas vermelhas e brancas, que pertencem à própria raça holandesa e nascem assim graças ao controle das características genéticas dos animais reprodutores. Um gene recessivo é que determina essa coloração.

A vaca holandesa vermelha e branca até produz menos leite que a branca e preta, mas pode render mais se o critério for o teor de sólidos. A produção leiteira desse animal é mais pesada e apresenta maior valor nutritivo, características valorizadas na comercialização do produto. A diferença entre o preço do leite mais fraco e o do mais forte passa de 5% nos Campos Gerais. O desafio tem sido encontrar animais que, pela qualidade, compensem a redução na quantidade ordenhada.

A grande maioria dos animais da raça holandesa - que tem predominância na pecuária leiteira - nasce preta e branca. A pelagem vermelha e branca não chega a 20% do rebanho e vinha caindo ao longo dos anos. Não havia touros vermelhos e brancos comprovadamente bons para a produção de leite. E a vaca avermelhada mostrava-se arredia à monta do touro preto e branco. No entanto, com a identificação de touros pretos e brancos que possuem o gene recessivo da cor avermelhada, esse quadro passou a mudar. O cruzamento controlado permite tornar o rebanho leiteiro mais colorido, informa a Associação Brasileira Criadores de Bovinos da Raça Holandesa.

O animal também é mais resistente ao calor (o vermelho reflete mais a luz do que o preto). Isso significa menor gasto com o resfriamento dos estábulos. Sentindo-se mais confortáveis, as vacas leiteiras rendem mais.

Mais renda

A produção de leite com maior teor de sólidos vem sendo incentivada pela cooperativa Castrolanda como forma de agregação de valor ao produto. Esse leite rende mais ao pecuarista porque é o preferido pelas indústrias de alimentos como queijo e nata. O leite vendido nos supermercados da própria região de Castro normalmente vem de outras bacias leiteiras, de estados como Minas Gerais. Durante a Agroleite, uma competição deve identificar o maior teor de sólidos alcançado nas fazendas dos Campos Gerais.

"O leite é medido por algumas variantes, a presença de bactérias e células somáticas (quanto menos, melhor) e o teor de sólidos, ou seja, a quantidade de gordura, proteínas e lactose. Nesse último caso, quanto mais elementos sólidos, melhor a qualidade do leite", explica o médico veterinário e analista técnico do Departamento de Pecuária da cooperativa Castro­landa, Junio Fa­­biano dos Santos. Mais nutritivo, o leite pode fazer frente a outras alternativas alimentares, acrescenta. "Assim, o produto não corre o risco de perder espaço", pontua.

Para o gerente de negócios da cooperativa, Henrique Costales Junqueira, os maiores produtores de leite, tendo a sua capacidade de produção no limite de sua propriedade, buscam cada vez mais a eficiência. "A produtividade média dos nossos rebanhos oscila entre 30 e 35 litros de leite por vaca ao dia, enquanto a média nacional é de 6 litros", compara.

Os números dos produtores de Castro são equivalentes aos dos melhores rebanhos do mundo, espalhados em países como Ca­­nadá, Estados Unidos, México e Israel. "Há uma luta constante pela eficiência na produção, para fazer frente às constantes oscilações de preço, promovidas pela economia de mercado globalizado", afirma Junqueira.